Discussões no trânsito, confusão em festas, brigas em partida de futebol. Vídeos apresentam cenas de estresse e descontrole para criar reflexão sobre o risco de uma arma de fogo.
Com o tema; “Armar não é a solução”, a organização MOVIDA lançou uma nova campanha contra o porte de armas e a favor da não-violência. De acordo com a organização, pesquisas científicas mostram que o acesso ao porte de armas pode ocasionar verdadeiras tragédias em episódios que não passariam de bate-boca.
Há pesquisas científicas que também apontam outro fator de risco desse tipo de porte: o aumento do arsenal de criminosos. De acordo com o Ministério da Justiça, em 2010, 30% das armas apreendidas por infratores tinham origem legal.
Para o professor Daniel Misse, do Departamento de Segurança Pública do Instituto de Estudos Comparados de Administração de Conflitos da Universidade Federal Fluminense (UFF), armar a população não traz mais segurança, pelo contrário. Segundo Misse, flexibilizar as leis para facilitar o acesso as armas podem fazer com que as taxas de homicídio no Brasil voltem a subir.
“Eu acredito que a liberação do porte de arma terá um forte impacto sobre o indicador de latrocínio (roubo seguido de morte), que deve subir bastante, assim como também o de homicídios de forma geral, seja doloso (quando há intenção de matar) ou em decorrência de intervenção policial. Cerca de 70% das mortes em termos de homicídio doloso são ocasionadas por pessoas que portam arma de fogo, são tipos de crimes produzidos por determinada forma de agir. A liberação das armas pode incrementar reações violentas que não levam ao homicídio como uma briga de rua, de bar, uma discussão de trânsito, que pode passar a levar homicídio doloso também”, ressalta o professor.
De acordo com a MOVIDA, dados tão desfavoráveis mostram que o debate é urgente e que, pelo menos por enquanto, o controle de armamento ainda funciona como salva-vidas em muitos instantes de raiva. Sinal de que os desgastes diários, felizmente, ainda não ultrapassaram os limites da vida humana.