Gastronomia

Entrevista com o chef Nuno Codeço do ‘MasterChef’

O diretor financeiro Nuno Codeço nasceu em Lisboa, Portugal, e atualmente mora em São Paulo. Casado com uma cearense, Nuno já é considerado brasileiro de coração e abriu as portas de sua intimidade e concedeu uma exclusiva entrevista ao editorial de gastronomia da Revista Ceará

1)Fale um pouco sobre o seu trabalho e sua vida antes de se mudar para o Brasil. Vivia em que zona de Portugal?

A minha família é originaria do norte de Portugal do concelho de Arcos de Valdevez, zona que gosto muito e com muitas e boas influencias gastronômicas. Antes da minha mudança para o Brasil vivia próximo a Lisboa no concelho de Oeiras, região bem próxima ao mar que é uma das minhas grandes paixões e do que sinto falta depois da minha mudança para o Brasil. A minha formação profissional é em Administração e Gestão de Empresas e exerço funções nesta área desde o termino da minha faculdade, incialmente num instituto ligado ao Ministério da Economia de Portugal e posteriormente no sector privado em sectores como saúde e nos últimos anos em empresas de construção civil.

2) Você sempre teve vontade de mudar ou foi algo inesperado? Como foi essa transição?

A mudança para o Brasil foi algo que surgiu repentinamente eu estava a trabalhar numa multinacional espanhola e como a empresa estava a entrar no mercado brasileiro necessitava de uma pessoa com o perfil e com a facilidade de falar português e espanhol me efetuaram o convite que foi aceite de imediato. A aceitação tão rápida do convite teve duas motivações a primeira a vontade que tinha de longa data de trabalhar fora de Portugal e como a minha namorada atual esposa e brasileira estava a regressar ao Brasil era uma forma de continuarmos juntos.

A transição foi, não vou dizer complicada, mas sim desafiadora, pois apesar de os países partilharem a mesma língua, a cultura tem muitas diferenças e a cultura organizacional e profissional são bastante diferentes da europeia. A transição foi um processo de a cada momento tentar reaprender de novo não esquecendo os meus princípios e poder aplicar os mesmos no pais que me recebia sem criar um atrito cultural.

Tem aspectos técnicos profissionais que aí foi voltar à estaca zero, principalmente no campo dos impostos.

3) Apesar dos dois países dividirem o mesmo idioma, temos muitas diferenças. Para você, o que há de positivo e negativo em cada um e o que há de especial?

Não diria que as diferenças sejam positivas ou negativas são apenas diferenças que fazem a identidade cultural deste povo fantástico, que cada dia que passa e que vou descobrindo um pouco mais fico mais apaixonado. O que acho fantástico e a alegria dos brasileiros e a forma positiva como encaram os problemas e tem frase fantástica que na minha opinião representa bem esse positivismo “no final tudo dá certo, se não deu certo e porque não chegou no final”

4) Há quanto tempo mora em São Paulo? Já criou uma família por aqui?

Já moro em São Paulo a cerca de 6 anos. Sou casado a minha esposa é brasileira, quando vim para o Brasil já namorávamos a cerca de 2 anos, passado cerca de um ano de estar a residir em SP nos casamos e já temos um filho com 2 anos e meio e um cachorro Beagle que vive com gente a 4 anos. Temos família completa.

5) Falando sobre culinária, que sabemos ser a sua grande paixão, isso te acompanha desde cedo? Quais são as suas memórias na cozinha?

A culinária sempre esteve presente na minha vida desde criança, pois quando chegava da escola o local que eu escolhia para fazer os deveres de casa era a cozinha pois assim podia acompanhar a minha mãe enquanto cozinhava e sentir os aromas da cozinha. De pequeno e criança quase sempre e gulosa ia para a cozinha fazer doces mas coisas bem simples. A minha grande paixão pela culinária começa já em adulto e quando venho residir para São Paulo, um pouco inspirado nos restaurantes que visitava e a necessidade e a vontade de cozinhar em casa e vontade de receber os amigos e família com um prato elaborado por mim. As críticas aos primeiros pratos executados foram positivas e isso me incentivou a continuar e a nos meus tempos livres pesquisar receitas e comprar livros para aprender cada dia mais. A paixão ficou tão forte que passei quase todos os dias a cozinhar em casa e aproveitar os finais de semana para fazer pratos mais elaborados e fazer experiências gastronômicas.

6) Algum dia imaginou participar de um dos programas culinários mais conhecidos do mundo? Como surgiu a ideia de participar?

Nunca na minha vida me tinha passado pela cabeça participar de um programa de televisão e muito menos na área culinária. Assistia ao programa com a minha esposa e admirava a coragem daquelas pessoas em estar ali e o conhecimento que tinham e a vontade de cozinhar, mas jamais sonhei de estar ali na vida.

A ideia da minha participação vem de uma insistência da minha esposa que tinha a forte convicção que tinha o talento necessário para participar, quando viu a s inscrições abertas do programa montou tudo para fazermos o vídeo e insistiu para que eu fizesse a inscrição.

Depois de ela muito insistir eu aceitei pensando que nunca seria chamado, pois pensei errado que fui chamado e consegui entrar no famoso programa de culinária.

7) Como você reage com tamanha repercussão que o programa tomou na sua vida?

Tento reagir com naturalidade mas confesso que é bastante estranho as pessoas me reconhecerem na rua e virem falar e tirar foto e mais estranho ainda e haver uma torcida tão grande pelo portuga. As pessoas têm sido realmente muito carinhosas e amigáveis o meu obrigado a elas que me fizeram sentir um pouco mais em casa.

8) Quais são seus planos futuros? Pretende continuar cozinhando como hobby, ou pretende fazer disso uma profissão rentável?

De momento irei continuar com a minha vida no mercado financeiro. Vou continuar a cozinhar como hobby e aproveitar a janela que se abriu para poder conhecer melhor o mundo da gastronomia e o seu funcionamento e fazer alguns eventos esporádicos. E aproveitar a oportunidade para aprender com os melhores.

Mas daqui em diante este hobby vai ser mais presente e quem sabe um dia investir num restaurante.