Há exatamente, um ano atrás, o ministro da Economia estampava manchetes de jornais com a seguinte frase, “se fizer muita besteira o dólar chega a 5 reais!” Pois bem, estamos em 2021 e a cotação da moeda americana chegou perto dos 6 reais.
O câmbio brasileiro desvalorizou durante a pandemia muito mais do que em outros países da América Latina, como Chile, Colômbia e Peru. Se nossa correlação histórica com essas moedas tivesse se mantido, era para estarmos abaixo de R$ 5,00. Há exatamente um ano atrás o Ministro da Economia, Paulo Guedes, estampava manchetes de jornais com a seguinte frase, “se fizer muita besteira o dólar chega a 5 reais!” Pois bem, estamos em 2021 e a cotação da moeda americana chegou perto dos 6 reais.
E como seria o Brasil com câmbio a R$ 5,00?
Segundo nossos cálculos, a projeção de inflação para 2021 estaria mais perto de 3,5% ao invés de 4,8% (último Focus). O Banco Central provavelmente não estaria subindo os juros, em meio à piora da pandemia. A Petrobrás não precisaria ter subido o preço da gasolina e do diesel tão fortemente, causando desconforto político e social.
E por que estamos num cenário tão diferente comparado a países da América Latina?
A principal diferença está nos números fiscais e, sobretudo, nas perspectivas fiscais. Enquanto temos dívida alta e déficit anual, eles têm números mais ajustados. Atualmente nossa dívida bruta/PIB é de 89%, diferente de Chile com 26% e Colômbia com 54%. Temos dificuldade de fazer um ajuste, como mostra a atual crise do Orçamento da União. Num país com contas desarrumadas, cedo ou tarde vem inflação ou aumento de impostos. Isso torna mais incerto investir no país.
Outra diferença é o ambiente de negócios. Esses países também tem uma posição bem mais favorável, com menos burocracia, como mostra o índice “Doing Business” do Banco Mundial. Nosso país figura no 124º lugar do Ranking de Ambiente Econômico no mundo. Já o Chile está em 59º e Colômbia em 67º colocação. Por isso crescem mais do que o Brasil, na média dos anos.
Veja bem, não estamos nos comparando à Suíça ou aos EUA. E sim a países latinoamericanos parecidos conosco. Poderíamos estar lá. Para tal, precisamos controlar os gastos e fazer reformas para nos tornamos mais produtivos, gerar emprego e renda. Quem ganha mais com isso? O tal do mercado? Não! É a população que mantém seu poder de compra e passa a viver em um país de maior crescimento. O real é desde 2020 a moeda com pior desempenho do mundo.
Pedro Henrique Alcino – Especialista em Investimentos e Private Bank