Há exatamente 13 anos, o jornal Revista Ceará era fundado e já denunciava o risco com o avanço das facções no Estado. Enquanto isso, governantes tentavam impor ao Jornal uma forma abrupta de cerceamento de imprensa.
Tomado por 7 facções criminosas que disputam o território pelo tráfico de drogas, o Ceará é hoje um dos Estados mais violentos do País e o primeiro do Nordeste. O que prova são os dados alarmantes e suas metodologias. Mães, Pais, Avós, choram nesse exato momento suas perdas para o crime organizado, num verdadeiro derramamento de sangue. Sem escolha, famílias estão dilaceradas diante do medo, ineficiência e impotência dos governantes e autoridades que cederam e perderam o controle nessa guerra.
Há exatamente 13 anos, o jornal Revista Ceará era fundado e já denunciava o risco com o avanço das facções no Estado sob um olhar técnico de jornalistas, especialistas em segurança pública, membros do Ministério Público, da Polícia Civil e Militar. Enquanto isso, governantes e apadrinhados sucessores, tentavam impor ao Jornal uma forma abrupta de cerceamento de imprensa, utilizando-se da força do Estado e da máquina pública para ‘tentar’ censurar editoriais e matérias jornalísticas. ‘Não conseguiram’. Era consenso entre eles que o problema estaria disseminado, e iria se agravar com o acirramento da guerra entre as facções.
Atualmente, presenciamos o que claramente denunciávamos; o crime organizado produziu um fenômeno urbano que desafia o Estado, o dos deslocados forçados. Moradoras de áreas controladas por organizações criminosas, famílias inteiras são expulsas, ou “espirradas”, na linguagem popular, pelo simples fato de terem alguma relação ou não, com um bando adversário — seja de amizade ou parentesco, ou por serem oriundas de uma área de inimigos. Os criminosos não se apossam somente de casas em comunidades periféricas, mas também de comércios, fazendas e blocos inteiros de conjuntos habitacionais, diante dos olhos dos governos locais. É um problema que envergonha o governo.
O Ceará tornou-se cenário de ocupação de membros das facções ou moradores aliados a eles; exploração econômica, com a locação e a reversão da renda para o crime; uso nas ações estratégicas, como esconderijo de armas e drogas ou até mesmo ponto de campana.